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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

1 Pedro (Parte I)

    Esse é início do estudo da Primeira Carta de Pedro, transmitida ao vivo na rádio FM 87.9, Litoral Norte (www.litoralnorte.fm.br) transmitido todo domingo das 22h00min às 23h00min.
    A Primeira Carta de Pedro foi escrita a Cristãos que estavam sofrendo perseguição e que, por isso, podiam fraquejar na fé. O Apóstolo Pedro escreveu a fim de lembrar todos os benefícios dados por Deus por meio de Cristo, bem como lembrá-los das preciosas promessas dadas a Eles. Também visa disciplinar a conduta deles no que tange a relação uns com os outros, bem em relação a sãs obrigações enquanto cidadãos.
    Acredita-se que as perseguições que a Pedro se refere foram desencadeadas pelo imperador romano, Nero, por volta do ano 60 d.c.
    Porque os cristãos foram perseguidos por Nero? Conforme os registros históricos, ao que parece, Nero tinha grande desejo de reconstruir a cidade de forma grandiosa, mas para isso precisava destruí-la primeiro. Ele, então, mandou atear fogo em Roma, que realmente foi destruída e posteriormente reconstruída conforme o gosto de Nero. A culpa recaiu sobre o Imperador, que, para desviar a ira do povo, acusou os cristãos do crime.
    Parece difícil de acreditar que as pessoas caíram no engano, ma havia motivos suficientes para que a mentira fosse aceita como verdade:
1. Os judeus não eram queridos no império, e os cristãos eram considerados seita judaica;
2. A Santa Ceia era fechada aos membros, que, segundo se contava, comiam a carne e bebiam sangue de Cristo. Não sabiam que era simbolismo, e por não terem acesso à Ceia, pensavam ser algo literal, atribuindo aos cristãos a fama de canibais.
3. A Ceia era chamada de festa ágape, festa do amor, havia, inclusiva, ósculo (beijo) santo. Pelo mesmo motivo anterior, as pessoas pensavam se tratar de orgias, considerando os cristãos de libertinos;
4. O cristianismo era acusado de dividir famílias. Isso não era novidade, o próprio Jesus dissera que isso ocorreria a que O seguisse. Os que aderiam à fé não aceitavam nem praticavam a mesma conduta de seus irmãos e patrícios, causando grande confusão;
5. Os cristãos pregavam que Deus julgaria o mundo no fim dos tempos e o faria com uso de fogo. Portanto, parecia que eles teriam provocado o incêndio para “cumprir” suas palavras.
6. Outro motivo era que havia prosélitos em Roma, ou seja, pessoas de linhagem não judaica que se converteram ao judaísmo. Muitas dessas pessoas eram da alta classe, portanto, tinham influência. Eles fomentavam tal perseguição incentivados e guiados por mestres judaicos.
    Algumas maneiras de perseguir os cristãos era expropriando, prendendo e até mesmo matando. Essas mortes se davam por diversos métodos, tais como crucificá-los, os cobrirem de piche fazê-los tochas humanas; costuravam a pessoa em pele de animais e soltavam os cães para comê-los vivos; colocavam em óleo fervente.
    A perseguição, inicialmente, era pela acusação de incêndio, mas posteriormente o simples fato de ser cristão era considerado crime. Essa perseguição se estendeu por todo o império.
Há discordância entre os estudiosos se, primordialmente, os destinatários eram cristãos judeus ou gentios.
    Uma maneira de dividir o texto é a seguinte:
1. Cap. 1.1-2.10 Consolidar os cristãos trazendo reconhecimento da grandiosa salvação, mostrando a glória vindoura, e exortando à firmeza ante as ameaças vindouras.
2. Cap. 2.11-4.6 lembrança de viver a vida cotidiana com base na fé.
3. Cap. 4.7-5.14 ensino acerca do correto relacionamento dos indivíduos com a igreja.

1 Pedro 1.1-5
1. Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos peregrinos da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia.    Pedro fala literalmente de forasteiros, pessoas que estão longe de sua terra. Isso parece dar margem para crer que se refere a cristãos judeus que estão vivendo longe de Israel. Essas são Províncias romanas.
Lembramos, quando vemos o termo “forasteiros”, da Carta aos Hebreus, quando os cristãos são para Somos forasteiros, nossa pátria não e aqui: “Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a vindoura”. O próprio Pedro chama os cristãos de forasteiros em 2 Pe 2.11: “Amados, exorto-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências da carne, as quais combatem contra a alma”. Por isso Jesus diz em Jo 15.19: “Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia”.
    Os cristãos devem viver nesse mundo de acordo com os valores eternos de Deus, portanto, como se já estivéssemos no Reino vindouro

2. Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.
    Aqui não discutiremos acerca da controvérsia da “eleição X predestinação”. Contudo, temos muitas outras coisas excelentes e proveitosas para analisar.
    Qual a maneira de entrar em comunhão com Deus, visto que somos naturalmente Seus inimigos (Fp 3.18; II Tm 3.3; Cl 1.21; Rm 5.10), como podemos ter paz com Deus? Por meio do Espírito Santo, que nos dá nova vida (Ef 2.5), e nos justificou por causa da morte vicária de Jesus (1 Co 6.11). Santificar é nos separar do uso comum para uso exclusivo de Deus. Nossa vontade era escrava do pecado, do Diabo e do mundo, mas foi liberta para sermos apenas de Deus.
    Para que Ele nos santifica? Ele nos separa para Deus com uma finalidade: “obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo”.
    Há, conforme vemos no antigo testamento, três situações em que o sangue era aspergido: quando o leproso era purificado (Lv 14.1-7); quando havia a consagração de sacerdotes (Ex 29.1-44) e principalmente quando foi firmada a aliança entre Deus e Israel (Ex 24.8). O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado (1 Jo 1.7) e nos separa para sermos reis e sacerdotes (Ap 5.10). Contudo, ao que parece, Pedro está se referindo especificamente ao sangue de Cristo por meio do qual Deus firma a nova aliança, conforme 1 Co 11.25a: “Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu sangue”. Essa aliança traz deveres para nós, por isso não é apenas a aspersão, trazendo benefícios, mas também deveres.
    Pedro, então, deseja que sobre eles sejam multiplicadas graça e paz da parte de Deus. É uma saudação que mostra de onde vêm essas dádivas, bem como diz que eles já as tinham. Pedro sabe que eles precisam, pois estavam passando por grande sofrimento. Deus tem aquilo que Eles precisavam para suportar: Sua graça e paz.

3. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo:
    No antigo testamento Deus é conhecido por “Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó”, agora, Ele se revela por meio de Jesus, sendo conhecido pelo Seu maior grau de relacionamento: Pai de Jesus. É a esse Deus, que nos deu Seu próprio filho por meio de quem Ele nos deu toda sorte de bênção espirituais (Ef 1.3), que Pedro bendiz, exalta, agradece. Mas por quais motivos Pedro agradeceu?
a) Que segundo a Sua muita misericórdia nos regenerou.
Ele nos deu nova vida, não por nossos méritos, mas por quem Ele é, por causa de Sua misericórdia. Misericórdia significa que Ele não nos deu aquilo que merecíamos (castigo, punição, ira, morte). A nova vida que Ele nos dá traz duas coisas:
•    Para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.
É uma esperança que não morre, que capacita a atravessar confiante e perseverantemente as adversidades. Foi por causa da ressurreição de Jesus que temos essa esperança. Ele sofreu e morreu, mas por ser justo, Deus o ressuscitou dos mortos e assim Ele é nosso sumo sacerdote intercessor e tem o poder de nos salvar e nos ressuscitar.
Como disse alguém: “Só as grandes promessas de Deus nos consolam”.
•    1.4 Para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para nós.
Somos herdeiros e já desfrutamos da mesa do Pai, mas ainda não recebemos plenamente a herança. Pedro nos diz como é essa herança dizendo aquilo que ela não é: ela não se acaba; não se desfaz; não é contaminada, ou seja, usada de modo errado; não perde seu valor, sua beleza; está guardada no local mais seguro, onde ninguém pode roubar (Mt 6.19,20; Lc 6.13; 18.22).
    A herança de Israel foi contaminada pelo pecado, ficou sujeita à fúria da natureza e dos homens, contudo, a do Cristão é superior (Hb 8.6,13 ; 9.15; 12.28; 2 Pe 1.4). A herança é o próprio Deus, conforme vemos em Sl 16.5.
b) 1.5 Que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo.
    Não só a herança está guardada, mas os herdeiros também. Aquele que guarda é Deus, mediante nossa confiança nEle. A salvação já é certa, mas ainda não é plena, por isso ainda precisamos ser guardados. Deus age como sentinela, guardando, mesmo que não possamos ver, se algo passar para nos afligir, é porque Ele permitiu ((Sl 18.2; 28.8; Jó 1).
    As coisas desse mundo não têm valor, pois terão fim, por isso não podemos nos deixar seduzir. Disso Deus também nos guarda (1 Jo 2.15,16).  Ele nos salva do poder do pecado, da morte, do Diabo e da ira divina.

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