O que dizer quando se
perde um amigo? E quando se trata do seu melhor amigo? A reposta? Não sei. Não
sei mesmo. Digo isso porque ontem, 01/05/2012, perdi meu melhor amigo.
Conheci
Oslan quando passei a me congregar na Missão Evangélica Pentecostal do Brasil
(MEPB) de Jardim Floresta, na Zona Norte da cidade de Natal, em novembro de
2006. Esse mineirinho se tornou muito especial para mim no decorrer do tempo.
Nós
tocávamos juntos no grupo de louvor da igreja. Ele era o baterista, eu, o
tecladista. Tornamo-nos muito próximos com o passar do tempo. Estávamos sempre
juntos: nos ensaios, nos cultos, nos lanches, jantares, nas rodas de bate-papo.
Minha aproximação com o
presbítero João “da Bênção” tornou ainda mais próxima nossa convivência. Oslan
namorava (e recentemente noivara) com Ruth, filha de João, e eu vez por outra
estava com minha esposa, Simone, com João, por isso estava com Ruth e, por
conseqüência, com Oslan. Desde fevereiro João e eu passamos a apresentar um
programa na rádio, nos domingos à noite. Por isso, depois do culto, íamos à
casa de João esperar a hora de ir para a rádio. Oslan sempre ia para lá também
e, frequentemente, comíamos cachorro-quente lá próximo.
“Perder”, que palavra
desagradável, especialmente quando falamos de alguém. Nunca poderei esquecê-lo,
porque tive o privilégio dado por Deus ser seu amigo, verdadeiro amigo, mais
que amigo, verdadeiro irmão, o irmão que nunca tive (tenho duas irmãs).
Estive no domingo com ele
e Ruth. João viajara para São Paulo e pedira para eu ficar na congregação dele
no domingo (Jardim Petrópolis). À noite Oslan e Ruth estavam conosco no culto.
Ruth cantou, eu preguei. A pregação..., como poderei esquecer da pregação? Não
quero lembrar, por isso não escreverei, mas o que eu preguei parecia anunciar o
que aconteceria com ele e conosco, nunca esquecerei de certas palavras que
pareciam proclamar a maneira como ele morreria (afogamento).
Estou no trabalho e esse
escrito é para me ajudar a extrapolar o que estou sentindo, nem sei se
mostrarei a alguém ou apenas deletarei ao final, mas acho que está me ajudando
nesta hora. Nem sei se ainda restou alguma lágrima para ser chorada.
Saber que falta ele fará
me destrói e neste momento a minha fé e esperança não trazem conforto algum.
Minha confiança em Deus não diminui a dor. Eu rogo para que Sua graça e paz
inundem meu coração. Como eu, muitos outros choram, Foi um irmão que se foi
(sei que Deus o levou, mas me perdoem, por hora não posso expressar senão com
“se foi”, porque é isto que sinto), um filho que deixa seus pais desolados, um
noivo que deixa sua noiva sem saber como continuará conseguindo viver.
Como conseguirei tocar
novamente em minha igreja, principalmente se a bateria continuar lá?! Próximo
de começar o culto fúnebre fui montar o teclado, parei várias vezes dominado
pela dor. Como eu queria tocar! Lembrar de ter tocado em seu velório seria algo
bom para lembrar, mas não consegui.
Domingo, depois do
programa na rádio eu iria buscar João no aeroporto. Oslan e eu fomos abastecer
antes o carro e eu ia lhe aconselhando, como sempre fazia quando tinha
oportunidade. Ele quase nunca contava seus problemas para mim, era um sujeito
muito fechado, do tipo que agüenta calado (via muito de mim nele), mas bastava olhar
nos olhos dele eu percebia que algo estava acontecendo. Não tenho essa
habilidade de percepção com ninguém, mas com ele, por algum motivo, eu tinha. E
novamente lhe aconselhei. Será uma lembrança que carregarei para sempre, não
quero perdê-la, quer ela me faça sorrir, quer me faça chorar.
22 anos, foi com esse
tempo de vida que ele foi chamado pelo seu Senhor. Sei que conhecerei
pouquíssimas pessoas como ele. Pessoa alegre, de caráter, sempre bem disposta,
sincera, amigo, temente a Deus, dentre tantos adjetivos que eu poderia dizer e
que aqueles que o conheciam podem bem corroborar.
Até logo meu amigo, meu
irmão, você era o melhor amigo que eu tinha (que me perdoem os outros). Se o
Senhor o queria mais perto dEle, fico satisfeito e grato por ter sido abençoado
com sua amizade nesses anos. Saiba que, embora sua partida para o descanso
deixe muuuuuuita dor, a alegria que sua vida nos transmitiu por fim a superará,
ainda que demora, sei que um dia poderei lembrar de você e sorrir, porque agora
só consigo chorar. Sinto muito, como eu estava feliz em ser o padrinho do
casamento que estava por vir.
Peço que não faça
críticas a esse texto, pois não é um texto, mas pranto que jorra de meu
coração. A única morte em que chorei foi de um amigo, uns 15 anos atrás, nem
antes nem depois chorei por mais ninguém além de você, Oslan. Nem por meus
tios, nem minha avó ou bisavó, mas você é mais que um irmão.
“O Senhor o deu, e o
Senhor o tomou, bendito seja o nome do Senhor”.
“Aceitaremos o bem do
Senhor e não também o mal?”.
“E ele andou com Deus, e
Deus para Si o tomou”.
Até logo, Oslan, meu
irmão. Quando eu chegar aí vamos fazer um som legal pro Senhor. Desculpe não
ter conseguido ir ao seu sepultamento, mas o culto já me despedaçou, não posso
ir porque “não aprendi dizer adeus”.
Natal, 02/05/2012
Reniê Pereira Abel